Com Agulhas

Eu gosto de escrever, de inventar uns diálogos loucos em jantares imaginários. Eu gosto de roupas, invento uns modelos e luto pra dar as luzes, partos difíceis esses, idéias. Gosto de comprar roupas e sapatos, futilidades não, estilo próprio; não sou uma fashion victim - a vida é demasiado curta pra rótulos e embalagens estragadas. Eu gosto de café, de canecas e de planos de casamento. Gosto de mim, contudo e com tudo.

Com Canetas

Eu tenho um dois à esquerda na idade, mas não acho que sou tão velha. Chamo minha gata de nenê e dou apelidos adoráveis ao meu namorado. Eu tricoto porque me acalma, produzindo, me agradam as cores das lãs. Eu amo porque não vivo no gris, amor vivo, amo pessoas e filmes e livros e bichos. Eu tenho o Heitor, já me basta de tanto amor. Eu adoro a língua francesa, adoro as idéias parisienses e as boinas e os cafés.

Dois Dias

Não tenho postado muito ultimamente, mas tudo bem. As coisas que valem a pena acontecem longe daqui, desse teclado preto (a não ser as conversas com o Heitor, mas nesse caso as alternativas são levemente inexistentes).

O que me faz ter vontades saudáveis vira lembrança pra depois no café.com, no café Cult sem cardápios, na casa do Moisés, na sala do apartamento, no ônibus pro campus e na rua. E agora, como todos os habitantes de Pelotas podem constatar, a época das insanidades retorna, Feira do Livro se constrói na frente da minha casa, e a alegria de vê-las, queridas brochuras, dispostas entre as árvores como em uma feira de frutas, me faz sentir quase parte de um mundo. No fim, os livros são caros e eu acabo sem nenhum, mas as memórias de Feira do Livro são abundantes, sempre acabo vendo pessoas queridas entre os jacarandás... E essa será especial, meu namorado passeará comigo entre os balaios, me acompanhará em cafés e tardes sob as árvores... Desde dois mil e cinco não passeamos juntos em uma Feira do Livro, então estou ansiosa.

Outra particularidade será meio amarga: estar na Feira com meu melhor amigo antes de sua partida aos EUA. Ele também não vagueia entre os livros em uma praça desde dois mil e cinco, e eu não sei quando poderá passar por isso novamente.

Uma deleitosa novidade será ter a companhia da Aline e vê-la com os olhinhos apaixonados pelos livros da Sra. Woolf no estande da Vanguarda...

Um reencontro será andar com a Cristine, não tenho nem palavras para descrever a antecipação carinhosa com que antevejo esse dia...

Espero poder ver a Tanize e a Ariadne também, afinal uma das sexta-feiras mais loucas da minha vida foi passada com elas, nos balanços.

Cansei de escrever. Vou pintar as unhas que depois de amanhã o Heitor chega (preciso dar um jeito de estar apresentável).

Coração Apertado

Apesar de ter feito compras na farmácia, apesar de um passeio pelo verde, apesar da companhia – futuramente rara – do meu melhor amigo, apesar da uma hora de sono entre preocupações e pesadelos, apesar da carteirinha, apesar da receita, apesar do peso de carregar uma criatura tão amada...

Hoje eu estou doente, embora o antibiótico não seja para mim.

Hoje eu estou triste, mesmo que não saiba exatamente o que os próximos dois dias nos reservam.

Morro de medo, morro de medo.

E me permiti chorar apenas agora, choro seco, preciso cuidar de alguém que precisa de mim.

Ou isto ou aquilo

O que fazer, escolho o seguro ou o ousado? As palavras ou as roupas?

Sinceramente tudo me encanta, mas viver de quê?

Ah, ainda tenho dois vestibulares, resultados do ENEM e do ProUni, resultados dos vestibulares (sem falar nos R$ 140,00 que vamos desembolsar nas inscrições) e coisas pra passar nesses meses que me separam de saber se eu passei.

Vou deixar pra ficar louca quando precisar.

Por enquanto, plurkeio e espero ganhar karma :)

Ah, e também conto os dias pra chegada do meu digníssimo (faltam dezessete dias agora)...

Outra hora eu me inspiro, agora vou tricotar...

Onzes de Outubro

Hoje eu pensei sobre como a minha vida mudou nos últimos oito anos.

Bem, qualquer vida muda em oito anos... E não passei por coisas tão dramáticas, elas só interessam a mim.

Mas eu amei muito durante esses oito anos. Criei amizades, perdi amizades, reconquistei pessoas e as bani.

Tive três namorados oficiais – um péssimo, um regular e o perfeito, o qual é meu namorado ainda - , um primeiro relacionamento sem denominações e sem muitas conseqüências (jura...), uma ficada de quinze dias que me reduziu a pedaços e um “caso” de um mês que me preparou para a perfeição que viria a seguir (isso não está em ordem cronológica, que fique bem claro).

Li muitos livros, quis fazer faculdade de História, depois resolvi tentar Filosofia, desisti dela e iniciei Letras, não fui bem sucedida e agora quero ir pra Moda. Melhorei o inglês, adquiri um certo domínio no Espanhol e me atrevi ao Francês.

Fui aluna perfeita, aluna mais ou menos, aluna matadora de aulas e depois voltei ao esforço.

Briguei com minha mãe, perdi minha avó, perdi meu avô, apoiei minha mãe, me apaixonei pela minha irmã e perdi meu tio mais querido.

Ganhei a gata Preta, perdi três gatinhas – duas para a gravidade e uma para a máquina de lavar roupas.

Usei preto e fui preconceituosa, me abri às cores e às coisas novas – tudo culpa do Heitor.

Aprendi a tecer e a tricotar, a fazer moldes e alinhaves.

Sei lá mais o que fiz, refiz ou desfiz.

Só sei que, clichês à parte, Non, rien de rien Non, je ne regrette rien...

Feliz Dia das Crianças, bisous pour tous!

Lay down your reddish head

Há duas semanas a campainha fez ding, depois fez dong. Então, depois das suas reclamações, uma caixa foi entregue nas mãos da mulher que ficou grávida três vezes e trouxe ao mundo a minha irmã, depois a mim, e depois o meu irmão. Dentro da caixa, novos travesseiros à família.

Mas eles não são apenas travesseiros, apesar de servirem para o descanso de nossas cabeças. Eles são símbolos da vida nova a vir. A primeira coisa nova para o apartamento novo, para a família nova. Família de três, uma mãe e dois filhos. A pessoa que seria o pai será deixada para trás, definitivamente. Ele não ganha um travesseiro, ele não ganha nada. Nem as minhas palavras, o cortei há meses.

Entretanto há dois travesseiros sobressalentes. Não, não são sobressalentes, eles já têm donos: minha irmã mais velha, quando ela vier visitar, e meu amado namorado, quando ele passar a noite em casa. Essa é minha família, além dos amigos próximos e da família do namorado querido. Afinal, eu não estou sozinha no mundo.

Durmo no meu travesseiro novo agora, acabei por acostumar-me ao seu cheiro de novo e à sua falta de lembranças. Ele é perfeito pra vida nova, e receberá suas lágrimas quando o tempo chegar... Ele faz minha cabeça descansar, me leva ao sono e às manhãs. Ele vê minha gata encher a cama de pêlos e conforta a minha raposa de pelúcia durante as tardes. Ele serve de apoio às minhas costas enquanto tricoto o blusão azul.

Mal posso esperar pra deixar para trás esse apartamento. As lembranças boas de camas quebradas durante RPG, de conversas com amigos queridos, de tardes com o Heitor e de noites ante as luzes da cidade ficarão comigo, mas o carma de traições e tristeza ficará longe.

Quero sentir o cheiro repugnante de tinta sobre as paredes, quero passar pelo stress da mudança, quero readaptar minhas gatas e quero receber meus amigos, velhos e novos, num lugar bem menor e bem menos cheio de histórias, mas muito mais feliz.

Travesseiro novo, vida nova.