Com Agulhas

Eu gosto de escrever, de inventar uns diálogos loucos em jantares imaginários. Eu gosto de roupas, invento uns modelos e luto pra dar as luzes, partos difíceis esses, idéias. Gosto de comprar roupas e sapatos, futilidades não, estilo próprio; não sou uma fashion victim - a vida é demasiado curta pra rótulos e embalagens estragadas. Eu gosto de café, de canecas e de planos de casamento. Gosto de mim, contudo e com tudo.

Com Canetas

Eu tenho um dois à esquerda na idade, mas não acho que sou tão velha. Chamo minha gata de nenê e dou apelidos adoráveis ao meu namorado. Eu tricoto porque me acalma, produzindo, me agradam as cores das lãs. Eu amo porque não vivo no gris, amor vivo, amo pessoas e filmes e livros e bichos. Eu tenho o Heitor, já me basta de tanto amor. Eu adoro a língua francesa, adoro as idéias parisienses e as boinas e os cafés.

Coisas Legais

É tão legal acordar e a franja estar perfeita, o cabelo lindo e descobrir que a barriga sumiu! Tudo bem, hoje meu cabelo estava razoável, a franja meio temperamental e a barriga ali, existente e arrogante.
Mas é legal perceber que eu posso fazer novos amigos, aprender uma língua nova e cuidar de mim ao mesmo tempo. Na verdade, acho que as duas constatações anteriores corroboram a última.
Sinto-me bem diante da possibilidade.
E a possibilidade, a expectativa por momentos felizes, é a felicidade. Parágrafos célebres podem ser citados, mas o que me vem à mente é o segundo de um dos livros mais perfeitos da literatura mundial. Há várias possíveis traduções, mas, como não gosto muito de traduções, transcreverei-o como foi escrito, no desespero de Richmond, pela maior escritora de todos os tempos. Depois transcrevo a versão traduzida pelo meu amado poeta vovô.

  

What a lark! What a plunge! (...) How fresh, how calm, stiller than this of course, the air was in the early morning; like the flap of a wave; the kiss of a wave; chill and sharp and yet (for a girl of eighteen as she was) solemn, feeling as she did, standing there at the open window, that something awful was about to happen; looking at the flowers, at the trees with the smoke winding off them and the rooks rising, falling (...)


Que frêmito! Que mergulho! (...) Que fresco, que calmo, mais que o de hoje, não era então o ar da manhãzinha; como o tapa de uma onda; como o beijo de uma onda; frio, fino e ainda (para a menina de dezoito anos que ela era em Bourton) solene, sentindo,, como sentia, parada ali ante a janela aberta, que alguma coisa de terrível ia acontecer; olhando para as flores, para os troncos, de onde se desprendia a névoa, para as gralhas, que se alçavam e abatiam (...)




Sei que vocês sabem de quem estou falando... Só ela pode ter a magnitude suficiente, a felicidade e a dor.

Porque somos assim.

Mas agora, o meu negócio deixou de ser a literatura e passou a ser a moda. E isso me alegra e enche de possibilidades.

Bem como o Francês...

Heureuse...

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