Com Agulhas

Eu gosto de escrever, de inventar uns diálogos loucos em jantares imaginários. Eu gosto de roupas, invento uns modelos e luto pra dar as luzes, partos difíceis esses, idéias. Gosto de comprar roupas e sapatos, futilidades não, estilo próprio; não sou uma fashion victim - a vida é demasiado curta pra rótulos e embalagens estragadas. Eu gosto de café, de canecas e de planos de casamento. Gosto de mim, contudo e com tudo.

Com Canetas

Eu tenho um dois à esquerda na idade, mas não acho que sou tão velha. Chamo minha gata de nenê e dou apelidos adoráveis ao meu namorado. Eu tricoto porque me acalma, produzindo, me agradam as cores das lãs. Eu amo porque não vivo no gris, amor vivo, amo pessoas e filmes e livros e bichos. Eu tenho o Heitor, já me basta de tanto amor. Eu adoro a língua francesa, adoro as idéias parisienses e as boinas e os cafés.

Mathematic Chaos

Hoje eu ouvi Dream Theater enquanto estudava matemática... Foi meio esquisito, mas eu tive umas epifanias.

Antes do Dream Theater, no entanto, eu estava a escutar Pink Floyd e queria tanto que o meu celular tocasse e que fosse o Heitor. Se ele tivesse me ligado, uma versão eletrônica dessa música soaria, e eu me encheria de alegria e frio na barriga. É assim que apaixonados se sentem, pelo menos eu me sinto assim...

Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an offhand way.
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way.

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain.
You are young and life is long and there is time to kill today.
And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.

So you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And Racing around to come up behind you again.
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death.

Every year is getting shorter, never seem to find the time.
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desparation is the English way
The time is gone the song is over, thought I'd something more to say

Home, home again
I like to be here when I can
When I come home cold and tired,
It's good to warm my bones beside the fire
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells.

Não tocou, mas tudo bem. Eu continuei quase entendendo trigonometria, meus ouvidos passaram a receber Dream Theater e eu senti uma saudade desenfreada.

{Re}Construção

Está tudo bem, ninguém deve se preocupar.

Eu ainda existo, ainda gosto das coisas, ainda amo incomensuravelmente o Heitor, ainda amo meus amigos, ainda luto contra problemas alimentares, ainda ouço Regina Spektor.

Aliás, um trecho de “On The Radio” é importante em tempos de transição:

No, this is how it works
You peer inside yourself
You take the things you like
And try to love the things you took
And then you take that love you made
And stick it into some
Someone else's heart
Pumping someone else's blood
And walking arm in arm
You hope it don't get harmed
But even if it does
You'll just do it all again.

É isso, reconstruir será divertido.

Em verdade vos digo:

Às vezes a gente pensa mal de si mesmo, acha que tudo é chato e que nada de interessante acontece nas nossas vidas. É uma inversãozinha no início, depois acaba se tornando interminável fonte de desentendimentos, depois pode fazer perder de vista a realidade... Como a palavra medíocre, por exemplo. A definição do dicionário é: “o que é de qualidade média”, mas as pessoas se acostumaram a usar essa palavra de forma pejorativa, como se seu significado fosse algo de ruim. Usou-se tanto a palavra de forma errada que o hábito a tornou feia, e se perdeu de vista seu real significado.

Às vezes a gente julga mal as pessoas que nos cercam, acha que elas não poderão suportar viver em um mundo sem ilusões, sem erros. Mas as pessoas se recuperam de desilusões, a verdade é sempre o melhor. Pode ser chata, pode ser mediana, mas ela é o que, deveras, existe. E não há como contornar eternamente, criar desculpas eternamente, usar “licenças poéticas” com a vida de verdade.

Posso tê-lo perdido de vista, mas Nietzsche continua sendo o único filósofo que fala à minha alma, ele quer derrocar os valores, ele quer criar um mundo sem ilusões.

E eu também quero, apesar de tudo.

Desde hoje, vinte e três de setembro, às 16h33.

Sinceramente, eu prometo.

Carta ao Soft (Lucas) X

Pelotas, 18 de setembro de 2008

Querido Soft,

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que gosto muito de ti. Principalmente porque tu és absolutamente despretensioso, não forças ser algo diferente de quem és. Tu és espontâneo, falas a verdade e isso te torna alguém raro.

Depois de muitas conversas, depois de ouvires os ecos “Heitor! Heitor!” na tua cabeça durante noites e noites, depois de seres a única pessoa a quem eu falei muitas coisas importantes durante os anos de CEFET, sou feliz por continuarmos amigos. Porque podes, sim, ser amigo de mulheres.

Estar junto contigo é importante, espero poder te ver mais vezes. A gente sempre tem assunto, a gente ri de bobagens e concorda sobre a existência de ETs no Antigo Testamento e seu papel nos seres humanos que somos hoje. Não sei se temos muitas afinidades, mas li em um depoimento por aí que o que importa é se gostar, querer estar perto e torcer um pelo outro.

Quero o melhor pra ti, e sei que vais conseguir. Podes ter pretensões modestas, mas eu estarei ao teu lado conforme as conquistares e, se resolveres sonhar mais alto, vou estar por perto pra te ajudar no que puder, pra falar bobagens ou só pra te ver comer lanches de calabresa “de verdade” – eu não gosto muito de calabresa.

Meu verão vai ser menos solitário, tenho certeza. Entre amigos novos, amigos reencontrados e habilidades manuais, sei que estarás aqui.

Me aceitas como sou, e isso não é tão comum assim... Eu também gosto de ti como tu és, por isso nos damos tão bem. Sem máscaras...

Sou grata e feliz por sermos amigos, por isso a Automação Industrial não foi uma absoluta perda de tempo pra ti.

Com carinho,

Iarima

Depois da Semana

Meu namorado voltou pra São Carlos, e eu subi catorze andares de escada com as malas pesadas.

Tricotar como uma descontrolada, sublimar a falta que me faz esse namorado.

Mas o que será de mim no verão, quando o tricô é levemente impraticável?